quinta-feira, 9 de março de 2023

Polícia Civil de Ipatinga denuncia oito pessoas por fraude e outros crimes


SÃO 300 VEÍCULOS COM MOVIMENTAÇÃO SUSPEITA

As investigações apuraram fraude envolvendo a transferência de propriedade de veículos clonados e também procedimentos de alteração de dados.

Na manhã desta quinta-feira (09), aconteceu uma coletiva de imprensa na sede do 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga, no bairro Iguaçu, onde foi concedida entrevista sobre os resultados da Operação Ponto Final, que contou com a participação dos Delegados de Polícia responsáveis pelas investigações e o Ministério Público.

As ações foram coordenadas pelos delegados Dr. Augusto Frade, Dra. Lívia Athayde e pelo Promotor de Justiça, Dr. Jonas Júnior Linhares Costa Monteiro. Conforme foi noticiado pelo Portal da Cidade Ipatinga, as investigações apuraram fraude envolvendo a transferência de propriedade de veículos clonados e também procedimentos de alteração de dados, de obtenção de segunda via de recibo (CRV Certificado de Registro de Veículos) e outros sem a observância dos trâmites legais exigidos, dentre outros crimes. Contudo, oito pessoas foram denunciadas.

Durante a coletiva de imprensa, o Delegado Geral, Gilmaro Alves Ferreira, Chefe do 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga, deu detalhes sobre o caso e afirmou que os veículos que possam ter envolvimento nessas transferências irregulares serão estudados em particular. Gilmaro Alves também pontuou a situação dos servidores envolvidos no caso. “De imediato, o ideal é já retirarmos os servidores da região, para que as investigações que ainda estão em andamento possam tramitar de uma forma mais tranquila, sem qualquer tipo de atuação direta ou indireta nessas investigações. Vale ressaltar que o despachante, que tentou intimidar a delegada de trânsito, Lívia Athayde, foi preso”.

Ainda conforme Gilmaro Alves, das investigações relacionadas à autoescola, há somente uma envolvida. “Está sendo verificada a participação, motivo pelo qual as investigações estão sendo desmembradas para se apurar com mais profundidade também, além do envolvimento de uma empresa estampadora de placas.

O delegado Augusto Frade disse que a participação dos despachantes já estava sendo monitorada e o mais grave é que houve mudanças em alguns servidores no setor de trânsito, e mesmo assim, os servidores que entraram, começaram a praticar ações ilícitas também.

Em relação à fraude que ocorreu na delegacia de Ipatinga, elas envolvem transferência de propriedade de veículo, movimentações nos cadastros de veículos (2ª via, alteração de dados), emissão de estampagem de placas. “O Detran virtualizou muitos dos seus serviços, só que tudo tem que passar pela delegacia, responsável por aquele veículo, onde o mesmo está cadastrado, ou seja, existe documentação ainda que se dá entrada por meio de protocolo. A Doutora Lívia Athayde fez o levantamento e não encontrou nenhum procedimento físico relativo a este caso, o que levantou ainda mais a suspeita em relação a todos. Uma vez adulterados os sinais destes veículos, os criminosos passam a atuar dentro dos setores de trânsito para gerar intenção de venda para outra pessoa com informações falsas, como se o proprietário tivesse vendendo o veículo para o criminoso. É feito a transferência desse veículo para o grupo de criminosos, para poder legalizar o clone que eles criaram, a partir desse momento, passa a ter dois veículos circulando na via única, sendo o original do proprietário, que muitas vezes não está sabendo da situação, e o veículo clonado, “legalizado” pelos criminosos.

Augusto Frade afirmou ainda que cerca de 300 veículos estão sendo verificados, que serão objetos de investigação, destes, alguns foram transferência de propriedade, sem qualquer procedimento, o que levanta ainda mais suspeita. Todos estes veículos serão averiguados, passando por vistoria, estes serão os próximos passos da investigação.

O Dr. Jonas Júnior Linhares Costa Monteiro, explicou este esquema criminoso é muito rentável. “Devido a isso, muitas pessoas se envolvem, e isto exige um trabalho longo e complexo, no entanto, é necessário que a autoridade policial atue durante meses para desvendar o problema, e também da nossa parte, de fazer a análise e enquadrar no que são os crimes. O comando da Polícia Civil está empenhado em coibir estes crimes e está amparando essa ação, assim como o Ministério Público, então trata-se de uma ação bem organizada pelas instituições e iremos prosseguir com os trabalhos investigativos”.

O Policial Civil que foi preso cumprirá pena em Belo Horizonte, tendo seus direitos reservados, em uma unidade destinada a eventuais policiais que que tenham sido presos. Em relação aos dois despachantes, uma delas é mulher, mãe de dois filhos, e por isso, o Ministério Público pediu para que ela cumprisse pena em casa, e isso foi acolhido pelo poder judiciário, enquanto o outro despachante, que já tinha antecedente criminal, irá para o sistema prisional.

A doutora Lívia Athayde, delegada de trânsito de Ipatinga, contou que desde que ingressou na delegacia de trânsito, ela teve muita resistência por parte de despachantes e por parte política, que tinham intuito de desmoralizar o trabalho dela.

“Eu já ingressei no serviço com muita resistência e sabia que não seria uma tarefa fácil, então a partir do momento que sofri esta intimidação na presença de várias testemunhas, eu noticiei este fato, eu sofri ameaça do despachante, foi afirmado que iria me prejudicar, me transferir e me tirar da cidade, e que se eu continuasse investigando o caso teria alguma consequência, porém sigo em frente à minha missão, no combate a criminalidade, principalmente envolvendo veículos automotores no setor de trânsito.

São 300 veículos com movimentação suspeita, e um veículo gerou o prejuízo de no mínimo R$ 900 mil reais, então é um fato muito grave, que atinge o interesse público, e este trabalho árduo é muito importante. Com a clonagem deste veículo específico, a gente tem 300 veículos em movimentação suspeita, ou seja, uma investigação bem feita gera consequências. Em relação à ameaça que sofri do despachante, foi afirmado que iria me prejudicar, me transferir e me tirar da cidade, e que se eu continuasse investigando o caso teria alguma consequência”, finalizou.  Fonte: Portal da Cidade

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