AFEGÃOS ESTAVAM ACAMPADOS NO AEROPORTO |
Depois da repercussão sobre a falta de acolhimento para os mais de 90 afegãos que estavam acampados no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, após fugirem do regime do Talibã, o grupo foi encaminhado para um Centro de Acolhida Especial para Famílias (CAE), na Zona Leste da capital paulista, nesta sexta-feira (16).
Segundo a
Prefeitura de Guarulhos, o local será custeado pela Prefeitura de São Paulo, e
o transporte, feito por dois ônibus, pelo governo do estado. O auxílio foi
necessário, já que todos os abrigos do município de Guarulhos estavam lotados desde que os
imigrantes começaram a chegar em maior quantidade.
A Secretaria
de Desenvolvimento Social do Estado informou que fez aporte de R$ 3 milhões à
Prefeitura de São Paulo para custear reformas feitas no prédio do Centro de
Acolhida, que está recebendo os afegãos.
O valor
repassado pela pasta é parte de um total de R$ 50 milhões repassados pelo Fundo
Estadual de Assistência Social (FEAS) à Prefeitura de São Paulo no ano.
Na
segunda-feira (12), o Jornal Hoje mostrou que 153 afegãos entraram no país em
agosto. No mesmo dia, 52 afegãos chegaram a Guarulhos e também ficaram no
aeroporto, pois não tinham dinheiro. O g1 acompanhou na manhã desta sexta a
chegada de mais imigrantes, totalizando 98 pessoas.
A chegada
dos grupos teve início no ano passado, quando as tropas americanas encerraram
20 anos de intervenção militar no Afeganistão e o grupo extremista Talibã
voltou ao poder. Em setembro de 2021, o governo do Brasil publicou uma portaria
estabelecendo a concessão de visto temporário, para fins de acolhida
humanitária, a cidadãos afegãos.
Afeganistão: um ano após a volta do Talibã,
afegãos relatam tortura e desilusão
Na
segunda-feira (15) fez um ano que o Talibã tomou a capital afegã, Cabul, e
reinstaurou no país um sistema fundamentalista religioso. Foi restabelecido o
Emirado Islâmico do Afeganistão - que vigorou no país durante o primeiro regime
Talibã, de 1996 a 2001 e que aplica a Sharia, a lei islâmica, com rigor. Desde
então, os retrocessos são incontáveis e em todos os campos: as mulheres viram
seus direitos regredirem drasticamente e toda uma geração de jovens perdeu a
esperança.
"Tem
sido um ano de tortura e desilusão. A situação é, a cada dia, mais preocupante
e só piora. A cada dia, cada passo, cada decisão que o Talibã toma, basicamente
coloca o meu país no caminho de uma catástrofe ainda maior: economicamente,
socialmente, culturalmente… Eles estão criando tensões étnicas, agravando
problemas econômicos e nos isolando do mundo. Foi um ano muito duro e a parte
triste é que ainda não acabou", descreve o afegão Khalid Yousafzai,
analista de mercado em Paris.
"Estávamos
muito angustiados porque eu falei para o meu filho mandar uma foto assim que
entrasse no avião, mas ele esqueceu. Eu estava com dúvidas se eles viriam, com
angústia, várias noites sem dormir."
(com informações do G!)